
AMABILE ZIOLI
Apesar de estar a quatro anos de distância, a Copa do Mundo de 2026 já tem algumas mudanças definidas. Desde 2017 a FIFA já dava indícios de modificações que a competição sofreria em alguns pontos específicos, tanto em relação ao jogo quanto à estrutura, e a que mais gerou polêmica entre o público que acompanha o esporte foi o aumento no número de seleções participantes. O evento conta com 32 seleções integrantes desde sua edição em 1998, que ocorreu na França, e, em janeiro de 2017 a instituição anunciou que a partir de 2026 esse número aumentaria para 48.
Para Victor Peixoto, repórter esportivo e escritor do Blog do Torcedor, existem dois pontos de vista a serem analisados – ao mesmo tempo que as alterações podem trazer grandes benefícios para a disputa, a FIFA deve ficar de olho para não perder o espírito essencial da Copa: a competitividade.
“O ponto negativo, que pode se provar o contrário em 2026 é que você acaba diminuindo um pouco o nível de competitividade, você vai ter seleções que talvez não fossem tão qualificadas disputando a competição”, explica Victor. O repórter cita a tabela sulamericana atual, que, no caso de 2026, teria colocado sete seleções no evento: “A gente teria, provavelmente, a Bolívia ou a Venezuela dentro da Copa do Mundo, que são seleções que, se você acompanhar as partidas, vai ver que elas não tem certo nível para estarem lá.”
No entanto, o jornalista acredita que a Copa do Mundo tem mais para oferecer além da competição: “Tem uma série de histórias muito bonitas, o Canadá, mesmo eliminado, comemorou muito um gol e tentou de toda forma empatar o jogo com o Marrocos, porque seria seu primeiro ponto na copa.”
Já numa perspectiva positiva, Victor comenta sobre a falta de grandes seleções na Copa de 2022, como a Itália, e que, com a adoção do novo regulamento, seria muito difícil de voltar a acontecer, além de dar mais possibilidade de variação entre os ganhadores da competição, que saem majoritariamente da América e da Europa.
A partir de agora, a África, de cinco vagas, passará a ter nove e uma repescagem, a Ásia, também partindo de cinco, poderá contar com oito vagas e uma repescagem, e a Oceania, que nunca teve vaga direta, passará a ter uma. “Vai se tornar de fato uma Copa do Mundo, vamos ter garantidos pelo menos um país de todos os continentes. Já aconteceu de termos todos os continentes jogando, mas não era garantido, e ter, pra mim, é um aspecto muito positivo.”
Outra alteração que intrigou a audiência esportiva foi a do aumento no número de países sede do evento. Na próxima Copa, três países irão abrigar os estádios, jogadores e equipes de mais de quarenta lugares do globo, e os escolhidos foram o México, Canadá e Estados Unidos.
Para além de questões estruturais, Victor enxerga influência política e econômica na decisão da FIFA – apesar da mediação ser compartilhada, a final já está definida: acontecerá nos Estados Unidos, afirmando o protagonismo da nação norte-americana. “A própria copa ser sediada no Catar é um grande exemplo de que essas questões influenciam muito na escolha das sedes.”
Em 2030, a mudança parece permanecer, mas com motivos mais concretos. Celebrando o centenário da sua primeira edição, a Copa do Mundo pretende voltar ao país que abriu as portas para receber os participantes pela primeira vez, o Uruguai. Entretanto, atualmente o país não teria condições de receber a demanda estrutural que o evento pede, ainda mais com 48 equipes, e, por conta disso, estão sendo avaliadas candidaturas compartilhadas, com a Argentina, Paraguai e Chile.
São claros os benefícios que a FIFA terá com a adoção do novo formato, e o impacto financeiro positivo pode ser considerado o maior deles. Na documentação enviada para as confederações continentais em 2017, a entidade previa lucro de aproximadamente US$640 milhões, a depender do formato de grupos escolhido.
Apesar de tudo, Victor acredita que as modificações não devem afetar o interesse do público, que, mesmo contando com uma maior quantidade de jogos e seleções, ainda promete prender a atenção de toda uma nação: “Essa discussão não é nova, e sempre se prova o contrário. A Copa vem aumentando a sua audiência, pode ser uma questão para se observar, mas acho que não vai afetar de forma negativa, a não ser que tenhamos muitos jogos fracos, aí sim isso representa um problema.”

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